segunda-feira, 30 de novembro de 2009







Síntese do Trabalho

Justificativa

O presente projeto justifica-se pelo aumento no índice de meninas grávidas na adolescência e buscamos com ele orientar estas adolescentes para toda a responsabilidade de que é ser mãe e as adaptações que viram. Com sair, estudar e trabalhar são algumas das coisas que se tornam mais difíceis ou às vezes até impossível e o outro lado bom é poder formar família, acompanhar o filho na sua adolescência estando jovem. A falta de diálogo com a família é um fator que eleva muitas meninas engravidarem cedo, pois buscam informações em lugares errados e a influência da mídia.
De acordo com alguns autores (Banaco, 1995; Strasburger, 1999; Muuss, 1996), este comportamento durante a adolescência deve-se às expectativas sociais e à modelação a partir da televisão, filmes e músicas que influenciam o espectador desde a mais tenra idade.
É possível, no entanto, baixar estes índices promovendo um espaço que elas possam fazer perguntas, esclarecerem suas duvidas para que possam passar esse processo de criança a adolescente se descobrindo naturalmente sem ter que se tornarem adultas “amadurecer” através da responsabilidade.
Segundo Glaucia da Mota Bueno:
A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de completivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.


Metodologia

Para atingirmos o objetivo do projeto, e descobrirmos um pouco mais sobre a questão relacionada aos problemas da gravidez na adolescência, adotamos por método entrevistas realizadas com mulheres que engravidaram durante a adolescência. A entrevista foi aplicada a seis mulheres que engravidaram entre treze (13) e dezoito (18) anos de idade.
Composta por sete questões qualitativas, a entrevista teve por objetivo, primeiramente de descobrir qual a média de idade em que as adolescentes engravidam, e posteriormente saber um pouco sobre seus anseios e preocupações, as mudanças em suas vidas e os reflexos causados no ambiente familiar.
Também de forma muito importante, qual o pensamento das mulheres/meninas que passaram por esta experiência e quais as sugestões que elas têm para as adolescentes de hoje.
Além das entrevistas, as pesquisas bibliográficas, análise de pesquisas científicas, entrevistas com profissionais da área de saúde e da área social, nos ajudaram a compor este projeto, sobre este tema tão importante e saliente na sociedade atual.

Tabulação das Entrevistas
1) Qual a sua idade ao engravidar?
Menos de 15 1
A partir de 15 5
2) Qual a sua reação ao perceber a gravidez?
Assustada, nervosa 4
Confusa 2
3) Qual a reação da sua família?
Apoiaram 1
Mal, depois aceitaram 4
Nunca aceitaram 1
4) À que você atribui esse fato em sua vida?
Falta de informação 1
Falta de cuidados 3
5) O que mudou na sua vida após a gravidez?
Positivamente:
Não há 1
Nascimento do filho 3
Responsabilidade 2
Negativamente:
Não sai mais 1
Toda a situação 1
Perdeu as amizades, pular essa fase 3
Não há 1
6) Na sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente?
Sim 4
Não 2
Depende 2
7) Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje?
Não engravidar cedo 1
Tomar cuidado 5

Dúvidas provisórias e certezas temporárias

Apesar da grande quantidade de informação que existe hoje sobre sexo, gravidez, DSTs ainda tem muitas contraversões que acabam surgindo e se tornando verdade. O que acontece é que esses mitos ocorrem principalmente naquilo que se vê como quase absoluto. Não fosse o quase estava tudo resolvido. E quando chega a hora da gravidez, ai sim o quase não existe.
É muito comum ouvir de jovens que dizem transar sem camisinha, porém na hora H ejaculam “fora”. Alguns que acham que na época da menstruação não pode engravidar, ou até mesmo as meninas que pensam que como menstruaram não há chance de estarem grávidas. Estão certos? Em quase 100% dos casos, porém novamente vem o quase.
E como não existe a “quase grávida” é bom esclarecer algumas questões.
Primeiro, sobre a ejacular fora da vagina. Antes de ocorrer a ejaculação o pênis expele um líquido com função de lubrificação que pode conter uma quantidade de espermatozóides, ou seja, pode engravidar.
Da mesma forma, em casos raríssimos ocorre de meninas engravidarem quando estão menstruadas. E aquele alívio do “ufa, menstruei, não estou grávida” pode ser algo temporário. Existem casos de mulheres que menstruaram até os três meses de gravidez.
Ta, sinceramente, essas não devem ser as únicas duvidas ou informações distorcidas. Mas porque elas acontecem?
Que hoje existe muito mais diálogo é fato. Porém será que as pessoas que instruem no caso os pais e familiares, sabem realmente para poder ensinar? Será que eles não têm informações apenas de experiência própria, onde se nos enquadram quase 100% dos casos onde nada acontece?
Assim, as informações que deveriam sair de casa já começam falhas. Onde os maiores educadores não têm conhecimento suficiente para ensinar. Daí ocorre os problemas, pois questões que antes eram duvidas se tornam certezas. Certos de que estão seguros acabam perdendo suas certezas da pior forma possível, transformando-as em problemas.

Referencial Teórico
A gravidez na adolescência está se tornando cada vez mais comum, pois os jovens estão ingressando cada vez mais cedo, a sua vida sexual. Os maiores problemas que a gravidez na adolescência acarreta são problemas emocionais, sociais e principalmente familiares. Segundo Eliene Percília, o maior problema familiar é a falta de diálogo.

“É muito importante que haja diálogo entre os pais, os professores e os próprios adolescentes, como forma de esclarecimento e informação. Mas o que acontece é que muitos pais acham constrangedor ter um diálogo aberto com seus filhos, essa falta de diálogo gera jovens mal instruídos que iniciam a vida sexual sem o mínimo de conhecimento. Alguns especialistas afirmam que quando o jovem tem um bom diálogo com os pais, quando a escola promove explicações sobre como se prevenir, o tempo certo em que o corpo está pronto para ter relações e gerar um filho, há uma baixa probabilidade de gravidez precoce e um pequeno índice de doenças sexualmente transmissíveis. "
Segundo a autora Marta Edna Holanda Diógenes Yazlle, existem fatores que devem ser observados como possíveis predisponentes da gravidez na adolescência que são: baixa auto-estima, dificuldade escolar, abusa de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, conflitos familiares, pai ausente e ou rejeitador, violência física, psicológica e sexual, rejeição familiar pela atividade sexual e gravidez fora do casamento, separação dos pais, amigas grávidas na adolescência, problemas de saúde e mães que engravidaram na adolescência.
Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, da UNIFESP, a maioria das adolescentes grávidas vem de situações familiares parecidas, onde, as mães das adolescentes também começaram a vida sexual cedo, e acabaram engravidando adolescentes. Além das adolescentes não terem condições financeiras para assumir os filhos, existe a repressão familiar que faz com que muitas fujam de casa e praticamente todas abandonam os estudos. Também quando ocorre a gravidez na adolescência, existem conseqüências tardias e em longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o bebê. A adolescente poderá apresentar problemas: no desenvolvimento, emocionais, comportamentais, educacionais e de aprendizado, além de complicações da gravidez e problemas no parto.

Podemos concluir que ao engravidar na adolescência sem ter um preparo maduro e conciliado com a família fica difícil, mas não impossível, a adolescente (mulher) e o adolescente (homem), acabam perdendo coisas e etapas daquele momento, mas acabam adquirindo uma maturidade sobre a vida. Na escola deveria ser estudado sobre este assunto que as vezes aprende na rua porque tem vergonha ou medo de perguntar por mais que tenhamos estas informações fica difícil entender o produto que é a GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA .

domingo, 29 de novembro de 2009

Metodologia

Para atingirmos o objetivo do projeto, e descobrirmos um pouco mais sobre a questão relacionada aos problemas da gravidez na adolescência, adotamos por método entrevistas realizadas com mulheres que engravidaram durante a adolescência. A entrevista foi aplicada a seis mulheres que engravidaram entre treze (13) e dezoito (18) anos de idade.
Composta por sete questões qualitativas, a entrevista teve por objetivo, primeiramente de descobrir qual a média de idade em que as adolescentes engravidam, e posteriormente saber um pouco sobre seus anseios e preocupações, as mudanças em suas vidas e o reflexos causados no ambiente familiar.
Também de forma muito importante, qual o pensamento das mulheres/meninas que passaram por esta experiência e quais as sugestões que elas tem para as adolescentes de hoje.
Além das entrevistas, as pesquisas bibliográficas, análise de pesquisas científicas, entrevistas com profissionais da área de saúde e da área social, nos ajudaram a compor este projeto, sobre este tema tão importante e saliente na sociedade atual.

sábado, 28 de novembro de 2009

Entrevista 2

IDADE: 36

1) Qual a sua idade ao engravidar?
16

2) Qual a sua reação ao perceber a gravidez?
No primeiro momento fiquei nervosa, pois não estava trabalhando e não sabia como minha família ia reagir, também não sabia como o meu namorado iria reagir. Depois no segundo momento fiquei feliz e em nenhum momento pensei em aborto, eu quis meu bebê desde o primeiro momento.

3) Qual a reação da sua família?
Quando contei já estava no sexto mês de gestação, por medo, eu usava camisetas bem largas e minha barriga era pequena, então conseguia esconder. Minha mãe e meu pai ficaram do meu lado, não brigaram comigo e tentaram me ajudar de todas as maneiras. De 4 irmãos que tenho, 2 ficaram de mal comigo, nem ao menos falavam comigo, daí casei com meu namorado que até hoje é meu maridão e eles voltaram a falar comigo assim que a nenê nasceu.

4) À que você atribui este fato em sua vida?
Ah... a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente. Naquela época não tinha a informação que temos hoje em dia. Um pouco de imaturidade também pesou bastante. E com certeza a falta de informação.

5) O que mudou na sua vida após a gravidez (positiva e negativamente)?
Positiva: Mudou tudo, fiquei mais responsável, mais madura, mais sensível, conheci um amor que nunca havia sentido antes. Negativo: se eu te dizer alguma coisa vou estar mentindo porque apesar do medo que se tem de um dia perde,r outra coisa não existe de ruim. Amo ser mãe.

6) Na sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente? Por quê?
Na minha opinião, é sim é um problema. Porque pra algumas adolescentes na época atual envolve muitas coisas: estudo, carreira e quando não se tem uma família estruturada que as apóie, a situação fica bem difícil.

7) Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje?
Que usem preservativo, se cuidem e esperem para ter experiências sexuais quando estiverem mais responsáveis, certas e maduras. Buscar informações, ir no médico antes de começar a vida sexual, pois além da gravidez existem as DSTs.

Entrevista

IDADE: 17

1) Qual a sua idade ao engravidar?
16 anos

2) Qual a sua reação ao perceber a gravidez?
Foi um misto de alegria, angústia e ansiedade.

3) Qual a reação da sua família?
No início se assustaram, mas com o tempo foram se acostumando e até gostando da idéia.

4) À que você atribui este fato em sua vida?
Não tomei cuidado o suficiente, pensava que era algo que não iria acontecer comigo.

5) O que mudou na sua vida após a gravidez (positiva e negativamente)?
O lado bom foi ter minha filha, que hoje é a razão da minha vida. E o lado ruim foi me distanciar de meus amigos e perder essa fase da minha vida.

6) Em sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente? Por quê?
Depende. Pode tanto ser um problema, quanto pode ser uma benção.

7) Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje?
Para tomarem cuidado, porque isso pode acontecer com qualquer pessoa.

Dúvidas provisórias e certezas temporárias

Dúvidas provisórias e certezas temporárias

Apesar da grande quantidade de informação que existe hoje sobre sexo, gravidez, DSTs ainda tem muitas contraversões que acabam surgindo e se tornando verdade. O que acontece é que esses mitos ocorrem principalmente naquilo que se vê como quase absoluto. Não fosse o quase estava tudo resolvido. E quando chega a hora da gravidez, ai sim o quase não existe.
É muito comum ouvir de jovens que dizem transar sem camisinha porém na hora H ejaculam “fora”. Alguns que acham que na época da menstruação não pode engravidar, ou até mesmo as meninas que pensam que como menstruaram não há chance de estarem grávidas. Estão certos? Em quase 100% dos casos, porém novamente vem o quase.
E como não existe o “quase grávida” é bom esclarecer algumas questões.
Primeiro, sobre a ejacular fora da vagina. Antes de ocorrer a ejaculação o pênis expele um líquido com função de lubrificação que pode conter uma quantidade de espermatozóides, ou seja, pode engravidar.
Da mesma forma, em casos raríssimos ocorrem de meninas engravidarem quando estão menstruadas. E aquele alívio do “ufa, menstruei, não estou grávida” pode ser algo temporário. Existem casos de mulheres que menstruaram até os três meses de gravidez.
Tá, sinceramente, essas não devem ser as únicas duvidas ou informações distorcidas. Mas porque elas acontecem?
Que hoje existe muito mais diálogo é fato. Porém será que as pessoas que instruem, no caso os pais e familiares, sabem realmente para poder ensinar? Será que eles não tem informações apenas de experiência própria, onde se enquadram nos quase 100% dos casos onde nada acontece?
Assim, as informações que deveriam sair de casa já começam falhas. Onde os maiores educadores não tem conhecimento suficiente para ensinar. Daí ocorrem os problemas, pois questões que antes eram duvidas se tornam certezas. Certos de que estão seguros acabam perdendo suas certezas da pior forma possível, transformando-as em problemas.

Letícia

Pense nisso!!!!

Falta de informação?

Drauzio varella – Você acha que as adolescentes engravidam por falta de informação?
Adriana – Não acredito. Todas sabem que se tiverem uma relação sexual sem os cuidados necessários, podem engravidar. Dados indicam que 92% delas conhecem pelo menos um método contraceptivo, pelo menos a camisinha elas conhecem.
Portanto, não é a desinformação que leva à gravidez na adolescência. Talvez o pensamento mágico dos adolescentes que influencia a maneira de buscar a si mesmos, o imediatismo e a onipotência que lhe são característicos sejam fatores que possam justificar sua maior incidência. Não há menina que não saiba que pode engravidar, mas todas imaginam que isso jamais irá acontecer com elas.
Dra. Adriana Lippi Waissman é médica obstetra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, especializada em gravidez na adolescência.


Sou filha ou sou mãe?

Drauzio – Algumas meninas engravidam na idade em que as outras ainda brincam com bonecas. Qual é o impacto psicológico causado por essa gravidez precoce?
Adriana - De início, é um choque porque a adolescente está vivendo uma fase de transição em busca da própria identidade. Perguntas elementares como “quem sou?”, “o que estou fazendo aqui?”, “qual vai ser meu papel neste mundo?”, ainda estão sem respostas e ela se depara tendo de enfrentar uma gravidez que atropela seu desenvolvimento e a obriga também a buscar sua identidade como mãe. Isso, em grande parte dos casos, provoca maior dependência da família e interrompe o processo de separação com os pais e destes com a adolescente. Não sabendo exatamente quem é, se adolescente ou mãe, adota uma postura infantilizada que atrapalha seu caminho para a profissionalização. Sabemos que posteriormente essas jovens podem voltar a estudar ou começam a trabalhar, mas em geral ocupam posições piores do que aquelas que não tiveram filhos nessa idade. Portanto, as seqüelas não se limitam aos aspectos psicológicos. Refletem-se também no campo social.
Dra. Adriana Lippi Waissman é médica obstetra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, especializada em gravidez na adolescência.


Gravidez na adolescência

Pode-se dizer que estamos enfrentando atualmente uma epidemia de gravidezes em adolescentes. Para ter-se uma idéia, em 1990, cerca de 10% das gestações ocorria nessa faixa etária. Em 2000, portanto apenas dez anos depois, esse índice aumentou para 18%, ou seja, praticamente dobrou o número de mulheres que engravidam entre os 12 e os 19 anos.
Gravidez na adolescência não é novidade na história de vida das mulheres. Provavelmente muitas de nossas antepassadas casaram cedo, engravidaram logo e, durante a gestação e o parto, não receberam assistência médica regular. Erros e acertos dessa época se perderam no tempo e na memória de seus descendentes.
A sociedade se modernizou e as mulheres vislumbraram diferentes perspectivas de vida. No entanto, isso não impediu que, apesar da divulgação de métodos contraceptivos, a cada ano mais jovens engravidem numa idade em que outras ainda dormem abraçadas com o ursinho de pelúcia. A gravidez na adolescência é considerada de alto risco. Daí a importância indiscutível do pré-natal para evitar, nesses casos, complicações durante a gestação e o parto.
Repercussões da gravidez na adolescência

A adolescência caracteriza-se por ser um período de descoberta do mundo, dos grupos de amigos, de uma vida social mais ampla. Assim, a gravidez pode vir a interromper, na adolescente, esse processo de desenvolvimento próprio da idade, fazendo-a assumir responsabilidades e papéis de adulta antes da hora, já que dentro em pouco se verá obrigada a dedicar-se aos cuidados maternos. O prejuízo é duplo: nem adolescente plena, nem adulta inteiramente capaz. A adolescência é também uma fase em que a personalidade da jovem está se formando e, por isso mesmo, é naturalmente instável. Se é fundamental que a mãe seja uma referência para a formação da personalidade de seu bebê, os transtornos psíquicos da mãe poderão vir a afetar a criança.
Ao engravidar, a jovem tem de enfrentar, paralelamente, tanto os processos de transformação da adolescência como os da gestação. Isto, nesta fase, representa uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos tão grande que para ser bem suportada necessitaria apoiar-se num claro desejo de tornar-se mãe. Porém, geralmente não é o que acontece: as jovens se assustam e angustiam-se ao constatar que lhes aconteceu algo imprevisto e indesejado. Só este fato torna necessário que seja alvo de cuidados materiais e médicos apropriados, de solidariedade humana e amparo afetivo especiais. A questão é que, na maioria dos casos, essas condições também não existem.
Muitas vezes, a dificuldade de contar o fato para a família ou até mesmo constatar a gravidez faz com que as adolescentes iniciem tardiamente o pré-natal – o que possibilita a ocorrência de complicações e aumento do risco de terem bebês prematuros e de baixo peso. Além disso, não é raro acontecer, em seqüência, uma segunda gravidez indesejada na jovem mãe. Daí a importância adicional do pré-natal como fonte segura de orientação.
Viver ao mesmo tempo a própria adolescência, cuidar da gestação e, mais tarde, do bebê, não é tarefa fácil. E a vida torna-se ainda mais difícil para a adolescente grávida que estuda e trabalha. Igualmente, essa situação não difere com relação ao jovem adolescente que se torna pai: ele se vê envolvido na dupla tarefa de lidar com as transformações próprias da adolescência e as da paternidade, que requerem trabalho, estudo, educação do filho e cuidados com a esposa ou companheira.

Por que tem crescido a gravidez na adolescência?

Mas por que, afinal, apesar de todas estas dificuldades muitas adolescentes engravidam?
Não é fácil responder a esta pergunta. Antigamente, podia-se pensar que era por falta de informação. Mas hoje todos sabem que existem muitos métodos para evitar a gravidez. Eles são acessíveis, baratos e podem ser ampla e facilmente utilizados pelos jovens.
De fato, os adolescentes têm o acesso facilitado às pílulas anticoncepcionais, ao diafragma, à camisinha.. Os meios de comunicação e as escolas fazem freqüentes campanhas de esclarecimento. Os serviços de saúde estão à disposição para prestar informações. No entanto, as estatísticas brasileiras demonstram que apenas 14% das jovens de 15 a 19 anos utilizam métodos contraceptivos; e somente 7,9% delas, a pílula.
O problema é que, muitas vezes, os jovens pensam ou dizem saber tudo sobre sexo, e não sabem. Pode ser que não tenham informações corretas ou que não saibam como aplicá-las às suas vidas, ou que seus pais achem que eles já estão suficientemente esclarecidos e não mais precisam de informação ou conversa sobre um assunto que ainda traz certo constrangimento. E, principalmente, pode ser que os jovens, embora saibam das coisas, acreditem que com eles nada acontecerá.

"Nunca pensei que isso fosse acontecer comigo, embora soubesse do risco que corria, ao não usar a camisinha todas as vezes que mantinha relação", dizem, surpresos, muitos adolescentes ao descobrirem a gravidez. Isto revela uma característica fundamental da mentalidade do adolescente: achar que as coisas só ocorrem com os outros. O resultado desse comportamento de risco é que, dentre todas as mulheres que se tornam mães, 20% delas são adolescentes!

Outra explicação aponta que os jovens são muito imediatistas. Ante a possibilidade de fazer sexo, sobretudo quando esperaram muito por isso, não pensam nas conseqüências: valem-se do desejo imediato, ignorando os resultados.
Nem toda gravidez precoce e não planejada é uma história sem final feliz. Mas, infelizmente, tudo acabar bem é uma exceção à regra. Há muitos casos em que a menina, para atrair sobre si a atenção ou o afeto da família e dos amigos, ou para segurar o namorado, engravida. Ora, as carências afetivas devem ser consideradas seriamente, e com certeza uma gravidez prematura não é a melhor solução. Além disso, filho não tem o poder de segurar namorado, nem de produzir casamentos felizes e duradouros. Se o relacionamento do casal estiver ruim, dificilmente um bebê facilitará as coisas, pelo contrário.
Ainda existem outros tipos de explicação. Considera-se, por exemplo, que muitas vezes uma jovem desamparada, que não desfrute de uma condição de vida digna, pode pensar que tornando-se mãe se libertará da miséria e obterá o respeito das pessoas. Esta idéia baseia-se na crença de que a sociedade tende a valorizar a figura da mãe e a ter maior consideração pelas gestantes. Mesmo que exista um pouco de verdade nisto, logo a jovem se verá em situação ainda pior: terá de trabalhar e cuidar do filho em condições adversas, e a maternidade, ao invés de premiá-la com os benefícios esperados, só lhe trará mais dificuldades e responsabilidades.
Finalmente, é preciso dizer que significativo número da gravidez de adolescentes decorre do uso da violência, força ou constrangimento. Em geral, resulta de estupro - a realização de ato sexual à força - ou de incesto, isto é, a relação com familiar próximo, como o pai, tio ou irmão. Nas situações de violência, o trauma psicológico geralmente é intenso. Mais do que ninguém, elas precisam de amparo e proteção especiais. Para essas situações de risco, amparadas explicitamente pela lei, é permitida a realização do aborto legal, com atendimento pela rede do Sistema Único de Saúde.
Os serviços de saúde têm condições de informar, orientar e prestar assistência à adolescente grávida, através de um pré-natal diferenciado, já que sua gravidez é considerada como de alto risco, sobretudo para as jovens com menos de 16 anos


Dr. Alberto Olavo Advincula Reis (USP)
Dra. Maria Aparecida Andres Ribeiro (UFMG

A adolescência

A adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e 19 anos, no qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente por crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social.

Marta Edna Holanda Diógenes Yazlle

Professora Doutora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto–USP e responsável pelo Setor de Anticoncepção do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto–USP

Entrevista

trevista para Projeto de Aprendizagem “Quais os Problemas da Gravidez na Adolescência?”


Nome: sem identificação Idade:22anos



1. Qual a sua idade ao engravidar? 18 anos


2. Qual a sua reação ao perceber a gravidez? Fiquei apavorada queria morrer!!




3. Qual a reação da sua família? A minha família me julgou muito no começo ficaram contra mim e tal, mas depois aceitaram.





4. À que você atribui este fato em sua vida? Bom acho que amadureci mas gostaria que tivesse ocorrido mais tarde.



5. O que mudou na sua vida após a gravidez (positiva e negativamente)? negativamente perdi meus amigos tive que deixar a escola deixar de ser menininha e virar mulher do dia p/ noite. Positivamente... sou muito feliz com o meu filho.



6. Em sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente? Por que? Sim porque você perde uma fase linda da vida.


7. Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje? Que não façam como eu fiz achar que comigo não vai acontecer pois acontece e não e nada fácil.

CONEXÃO PROFESSOR

ENTREVISTA:MARIA LUIZA HEILBORN - O PERFIL DAS ADOLSCENTES GRÁVIDAS NO BRASIL.

Quem são as meninas que engravidam durante a adolescência? Como elas se comportam quando saem da maternidade? O Portal Conexão Professor entrevistou a Doutora Maria Luiza Heilborn, Coordenadora do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), para entender qual o impacto social dessa realidade do nosso país.

Para analisar o assunto, Maria Luiza se baseou nos resultados da Pesquisa GRAVAD, sobre gravidez na adolescência, realizada em três capitais brasileiras: Rio, Salvador e Porto Alegre. Entre as entrevistadas na faixa etária de 18 a 24 anos, 29,5% tiveram filhos antes dos 20 anos e 16,6% antes dos 18 anos. Apenas 1,6% delas tiveram filhos antes dos 15 anos. Entre os rapazes, 21,4% foram pais antes dos 20 anos, 8,9% antes dos 18 anos e insignificante 0,6% antes dos 15 anos. Confira!

Conexão Professor (CP) - Quais são as causas mais frequentes para a gravidez na adolescência?
Maria Luiza Heilborn - No Brasil, a gravidez na adolescência não é um fenômeno recente; porém, há aproximadamente uma década, adquiriu uma dimensão de “problema social”, cuja gravidade justificaria uma ação efetiva por parte dos poderes públicos para controlar o que é muitas vezes chamado, equivocadamente, de epidemia. A gravidez na adolescência não é um fenômeno unicausal. Há vários fatores que concorrem para que ela aconteça.
Primeiro, os costumes sexuais mudaram muito, permitindo que moças tenham atividade sexual antes do casamento sem que isso implique desonra. Portanto, garotas entre os 15 e 16 anos fazem sexo com seus namorados. Contudo, a mudança de costumes não foi acompanhada por uma transformação no modo como a atividade sexual é pensada; ela é frequentemente entendida como espontânea, fruto da ocasião e, portanto, sem o devido acompanhamento de uma contracepção regular– seja através do uso ininterrupto do preservativo (em todas as transas) ou de qualquer outra forma de contracepção oral.

CP – O comportamento sexual dos jovens está mudando?

Maria Luiza Heilborn - O comportamento sexual está em transformação no Brasil – a média de idade para a iniciação sexual dos jovens é de 17,9 para as moças e 16,2 para os rapazes, que sempre tiveram vida sexual mais precoce, em geral iniciada com trabalhadoras sexuais. Como a virgindade feminina deixou de ser um valor central na sociedade, os rapazes estão tendo relações sexuais com moças que conquistaram o direito de transar sem esperar pelo casamento.
O problema é que, aos poucos, conforme cresce a confiança entre o casal, a camisinha é abandonada. Proteção e contracepção não deveriam estar separadas, mas tratadas como parte dos cuidados de uma relação sexual. A falta de vontade política consequente dos diferentes níveis de governo em implementar o acesso à pílula do dia seguinte é outra fonte dos casos de gravidez na adolescência que poderiam ser em menor número com informação de qualidade e acesso fácil à contracepção de emergência.

CP - O que geralmente acontece após o nascimento do bebê? A adolescente assume as suas responsabilidades de mãe?
Maria Luiza Heilborn - Principais responsáveis pelo trabalho doméstico, as moças de estratos sociais desfavorecidos ainda experimentam a cultura de valorização dos papéis de mãe e dona-de-casa como ponto central de sua identidade feminina. Ao engravidar, reproduzem o comportamento aceito tanto na família como na cultura da qual fazem parte. Tornar-se mãe é sonho e desejo de muitas moças deste perfil. A falta de perspectiva de outro projeto de vida influencia muito nessa aspiração: a gravidez antes dos 20 anos diminui na mesma proporção que aumenta o grau de instrução da moça ou do rapaz. A escolarização ampliaria o panorama profissional e pessoal, o que nem sempre se descortina diante desses jovens.
Na maioria das vezes, a jovem que engravida já saiu da escola e fica grávida do seu primeiro parceiro, que tem cerca de cinco anos a mais do que ela, uma característica das uniões no país. Embora acalentem o sonho do bebê, as mães se queixam de solidão e isolamento depois da chegada dos filhos – 72% das moças diminuíram a convivência com amigos no primeiro ano após o nascimento da criança. Este quadro é mais um reflexo das diferenças na divisão dos cuidados com a casa e com o bebê. Quando os rapazes se envolvem na gravidez na adolescência com suas parceiras, a maioria já está no mercado de trabalho, ainda que informalmente. Já às moças é atribuída não apenas a responsabilidade de “evitar filhos”, como também o árduo desempenho das tarefas da casa.

CP - Qual costuma ser a reação dos familiares quando a adolescente engravida? E a dos parceiros?
Maria Luiza Heilborn - A história de David, 22 anos, jovem de Nova Holanda, Rio de Janeiro, é exemplar. Quando começou a ter relações com “uma menina que se fazia de difícil”, esgotou em duas semanas as “cinco caixas de camisinha” que havia comprado. Suspender o uso do preservativo resultou em gravidez, bem recebida pelo rapaz. A decisão de ter o bebê foi explicada assim: “Tive vontade de ter o neném porque todos os meus colegas tinham, eu era o único que não era pai. Na época eu me sentia muito sozinho. Por mais que eu tivesse muitas namoradas, eu me sentia sozinho. Então preferi ter o neném”.
O relato de David demonstra também o processo de aceitação do bebê, quase natural para famílias de menor poder aquisitivo, nas quais a família é muito valorizada. A criança que chega é motivo de alegria e de união entre as famílias dos jovens, que auxiliam o novo casal em suas despesas e suporte financeiro. Ainda assim, a gravidez na adolescência produz impacto importante na vida desses jovens, acelerando a entrada na vida adulta.

CP - Como a escola deve abordar a questão da Educação Sexual junto aos alunos? Como vê a possibilidade do tema se tornar uma disciplina curricular ou extracurricular?
Maria Luiza Heilborn - Em muitos casos, a gravidez na adolescência é resultado do abandono do uso regular da camisinha: 70% dos rapazes e moças entrevistados declararam uso do preservativo na primeira relação sexual. Este dado indica que os resultados das campanhas de prevenção do HIV/AIDS são positivos, mas ainda insuficientes. Um dos fatores que pode mudar esse quadro é a educação sexual nas escolas, a partir de um debate franco sobre as responsabilidades que estão implicadas no direito à sexualidade. Programas e serviços de saúde voltados especificamente para adolescentes também podem melhorar as condições de acesso e informação sobre métodos contraceptivos. A abertura de horizontes de possibilidades de futuro para esses jovens é capaz de reduzir a gravidez na adolescência, dando um novo sentido às exigências de contracepção.
O debate na escola em torno da educação em sexualidade – termo mais adequado a meu ver do que educação sexual - deve-se orientar por incluir a dimensão relacional – de intercâmbio afetivo e de responsabilidades em jovem casal. Falar de contracepção para rapazes e moças com naturalidade é o fundamental. Pois, os jovens precisam saber que se uma moça propõe e dispõe de uma camisinha não é porque ela é “atirada”, “rodada” ou “experiente”, o que normalmente induz a dúvidas sobre sua moralidade.

CP - Como vê o diálogo existente entre pais e adolescentes sobre temas como sexualidade e gravidez?
Maria Luiza Heilborn - Além dos costumes, as idades também se alteraram ao longo da história. Até poucas décadas, moças nas mesmas faixas etárias hoje chamadas de “precoce” tinham filhos, o que era considerado saudável pelos médicos e normal pelas famílias. Hoje, vive-se uma mudança no entendimento social sobre a juventude – há uma expectativa de maior investimento nos estudos e de retardamento do início da vida reprodutiva. São mudanças sociais bem-vindas, mas que deveria estar acompanhadas de outras transformações que ainda não aconteceram.
Há pouca conversa sobre sexualidade em casa, nas escolas e na sociedade. O tema da contracepção não é tratado abertamente e sua discussão pública seria um reconhecimento de que as relações sexuais de jovens e adolescentes são legítimas e constituem um direito. As diferenças entre o comportamento entre rapazes e moças vão além do fato de um rapaz achar que, por ser homem, não precisa se preocupar com o assunto. Quando a aceitação social da sexualidade juvenil feminina é frágil, a aceitação social da contracepção é necessariamente ainda mais fraca.

CP - A classe social influencia na gravidez de adolescentes?
Maria Luiza Heilborn - Sim, a gravidez na adolescência geralmente ocorre em pessoas cuja situação social não está estabilizada. Não é porque elas seriam psicologicamente imaturas ou socialmente marginais, mas, antes de tudo, porque este evento se produz em um momento de transição biográfica (a adolescência ou a juventude), durante o qual a situação dos indivíduos se modifica rapidamente. Estas alterações se produzem em todos os campos da vida individual: mudanças residenciais, aquisição progressiva de um estatuto profissional, evolução da situação escolar, trajetória afetiva etc.
É impossível negar o fato de que os contextos sociais definem universos de possibilidades e de significações diferentes entre os jovens de origens distintas: os valores familiares, as condições de existência, a duração da escolaridade e as perspectivas de mobilidade social. No Brasil, as trajetórias juvenis apresentam uma heterogeneidade muito maior do que nos países desenvolvidos e comportam aspectos específicos. Entre os grupos sociais favorecidos (a alta classe média), observa-se um prolongamento da juventude com aumento do tempo de estudo, manutenção da coabitação com os pais e aquisição tardia da autonomia material. Nas classes populares encontram-se juventudes mais breves: há a passagem precoce de certos limiares sem que seja atingida uma autonomia total, em razão da precariedade das condições de vida e da árdua aquisição da autonomia residencial.
Um traço peculiar das trajetórias juvenis no Brasil é o lugar particular que ocupam a gravidez ou o nascimento de um filho, que influenciam as trajetórias, mas não são necessariamente a primeira etapa da constituição de uma unidade residencial ou de um grupo familiar autônomo. Ainda que atualmente três quartos dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos sejam escolarizados, os percursos escolares são muito heterogêneos tanto de uma classe social à outra quanto de uma região à outra do país.
Um planejamento precoce da vida sexual e a recusa em aceitar o risco de gravidez certamente acontecem juntos para as jovens com possibilidade de planejamento individual da vida em geral, (os das classes mais favorecidas social e economicamente) significando, por exemplo, um domínio das condições de vida e a existência de projetos a médio prazo que seriam prejudicados pela gravidez. O prolongamento da duração dos estudos, que no Brasil diz respeito particularmente às mulheres, pode ter um papel importante nesse sentido. Inversamente, a ausência de qualquer perspectiva escolar ou profissional, ligada a uma escolaridade bastante irregular ? um quinto das mulheres de 20 a 24 anos tiveram menos de quatro anos de duração de estudo ? não leva a considerar uma eventual gravidez como uma perturbação maior .

http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/temas-especiais-27a.asp

ARTIGO

Gravidez na adolescênciaArmando Correa de Siqueira Neto
selfpsicologia@mogi.com.br
"Psicólogo e psicoterapeuta; desenvolve projetos e trabalhos para crianças e adultos, tendo por base o autodesenvolvimento e a psicologia preventiva. "
2004
Idioma: português do Brasil


Palavras-chave: Projeto, identidade, consciência, conhecimento.

Resumo

Existem algumas condições que propiciam a gravidez na adolescência, levando milhares de jovens a uma experiência fora de hora, dada a inexperiência e conseqüente dificuldade em cuidar do filho que chega.
Dentre os variados fatores que colaboram para que ocorra este fenômeno em grande número, destacamos a falta de objetivos encontrada nos jovens de classe social mais baixa, que acaba vislumbrando num filho a chance de ter um projeto de vida, além de encontrar a oportunidade de constituir uma identidade, uma vez que não consegue se inserir na vida profissional. Outras condições também se encontram presentes na vida desta população que engravida neste período, tais como lares desestruturados e com pequeno nível de comunicação entre pais e filhos.

Introdução
O mundo vem assistindo a crescente onda de mães muito jovens, que dão a luz numa época em que poderiam estar desenvolvendo algumas capacidades emocionais e cognitivas, além de acumular experiência, dentro da liberdade que existe neste período, próprio para viver diversas circunstâncias e posteriormente adentrar no universo adulto, portando bagagem, mínima que seja, mas que possibilita então, a constituição de uma família com um filho ou mais. Contudo, um número alarmante, mostra muitas adolescentes que acabam tomando outro rumo e engravidam, iniciando ai um cerceamento de suas atividades no campo do desenvolvimento profissional e escolar, sem generalizar, porém, grande parcela delas, acaba restrita ao contato com o lar onde reside.
Quais fatores colaboram no desencadeamento da gravidez na adolescência? A esta pergunta, foi levantado um grupo de condições como resposta, além de alguns itens fundamentais, que por seu turno, geram o impulso a se engravidar num período onde as prioridades deveriam ser outras.

Gravidez na adolescência
Tem sido tarefa difícil explicar a causa de existir tantas adolescentes grávidas, e seu crescente número a cada ano. De um lado, alguns profissionais apontam para a falta de informação, de outro, a questão centra-se numa busca pela identidade por parte dos adolescentes. Cabe o estudo e a reflexão acerca das várias possibilidades que levam à gravidez na adolescência.
Kalina (1999) define que na adolescência, ocorre uma profunda desestruturação da personalidade e que com o passar dos anos vai acontecendo um processo de reestruturação. Baseado nos antecedentes histórico-genéticos e do convívio familiar e social, e também pela progressiva aquisição da personalidade do adolescente, é possível entender que esta reestruturação tem em seu eixo o processo de elaboração dos lutos, a cada etapa deixada sucessivamente. A questão familiar e social funciona como co-determinante no que resulta enquanto crise, especialmente, à conquista de uma nova identidade.
O amadurecimento sexual do adolescente, de acordo com Tiba (1996), acontece de forma rápida, simultaneamente ao amadurecimento emocional e intelectivo, iniciando então, o processar na formação dos valores de independência, que acaba por gerar pensamentos e atitudes contraditórios, especialmente quanto a parceiros e profissões.
Aberastury (1983) diz se tratar de uma luta difícil para o adolescente encontrar uma identidade, que ocorre num processo de longa duração, além de lento, neste período, em que os jovens vão construindo a base final da personalidade, de seu perfil adulto. Este processo acontece por meio de tentativa e erro, em sua maior parte, buscando o verdadeiro eu, e acaba por sofrer agonias e dúvidas, querendo ser diferente do que fora em sua infância, num buscar uma identificação própria e diferente.
Podemos encontrar em Osborne (1975) aspectos importantes sobre pais que valorizam a autonomia e a disciplina no comportamento, estimulam mais o desenvolvimento da confiança, da responsabilidade e da independência. Pais que são autoritários, os quais tendem à repressão dos desacordos, porém não podem exterminá-los, e os filhos adolescentes provavelmente acabam sendo menos seguros, pensando e agindo pouco por si próprios. Pais negligentes ou permissivos que não oferecem o tipo de ajuda que o adolescente precisa; permitem que seus filhos percam o rumo, não oferecendo a eles modelos de um comportamento adulto responsável.
Vemos então, a enorme responsabilidade educacional durante o processo de adolescência, e Sayão (1995) confirma tal postura com relação aos filhos, que crescem e aos pais cabe a preparação sobre as mudanças no corpo e o aprendizado de como lidar com a questão sexual, usando de honestidade e se preocupando em transmitir valores, além das regras.
Ao tratarmos sobre prevenção da gravidez, podemos encontrar pesquisas realizadas através de universidades ou do ministério da saúde brasileiro, onde revelam constantemente que grande parte da população tem tido a informação básica necessária sobre o uso de anticoncepcionais, e que apesar dos adolescentes possuírem este conhecimento, acabam mantendo um relacionamento sexual sem tomar os cuidados necessários e assim, como que numa “loteria”, engravidam inesperadamente.
Se por um lado encontramos uma boa dose de informações que chega até os jovens, por outro, percebemos a constante falta de diálogo entre pais e filhos, não bastando apenas dizer ao adolescente para que use preservativo, mas também esclarecendo sobre as decorrências possíveis, lembrando que uma relação afetiva e estável tem maiores chances de entendimento neste diálogo. Os pais precisam se preparar com conhecimento a respeito, trabalhar melhor sua participação em assuntos “delicados” e, acompanhar equilibradamente a vida de seus filhos.
Outro ponto reforça a estatística sobre gravidez na adolescência, que conforme Varella (2000) nos aponta que, os dados da Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde do Brasil, feita em mil novecentos e noventa e seis, indicaram que quatorze por cento das meninas nesta faixa etária já tinham um filho, no mínimo. Entre as parturientes que foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde, entre os anos de mil novecentos e noventa e três e mil novecentos e noventa e oito, teve um aumento de trinta e um por cento dos casos de meninas entre dez e quatorze anos.
Conforme Duarte (1997), podemos compreender que a gravidez na adolescência não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia. As pesquisas realizadas pela Secretaria de Saúde de São Paulo, mostram que o aumento do crescente número de gravidez na adolescência não é a desinformação. Albertina revela que os depoimentos das adolescentes são surpreendentes. "É comum ouvir das meninas, que engravidaram porque se sentiram abandonadas, ou tinham medo de ficar sozinhas, ou precisavam fazer alguma coisa na vida."
Parece que já nos habituamos a este fato, jovens com tão pouca idade se tornando “mãe”, no sentido biológico, mas existindo pouco preparo ou estrutura, evidentemente. Como é possível, jovens nesta faixa etária estarem preparadas para cuidar de outro ser que requer tantos cuidados? Se o adolescente ainda se encontra em reestruturação da personalidade, levando-se em conta o aspecto emocional e financeiro, além da experiência de vida necessária, como poderá atuar como alguém que necessita oferecer apoio e estruturação a outro?
Sabemos o quanto é importante passar por todas as fases naturais que a vida oferece, como a infância, a adolescência, a fase jovem, adulta e a velhice, períodos onde desenvolvemos estruturas que se auxiliam uma após a outra.
Costa (1997) relata sobre a criança de hoje, que é bastante precoce nas questões da sexualidade, por meio de sua curiosidade em querer conhecer como se formam os bebês e como ocorre a intimidade sexual. Há muitos casos onde as crianças com idade a partir de seis anos, que já desejam olhar revistas de mulheres nuas. Nesta esfera encontra-se a liberação sexual vivida atualmente, a qual contribui para o aumento do número de adolescentes grávidas.
Aumentar a freqüência de informações dentro das escolas, através das aulas é uma boa forma colaboradora, até que este assunto se incorpore definitivamente em nossa cultura, que apesar de “moderna”, ainda é cheia de tabus e preconceitos.
Se a televisão em seus diversos horários, inclusive os de grande audiência, transmite cenas de erotismo e sensualidade, pode também apresentar cenas de prevenção e cuidados a este respeito, em boa dose e intensidade, não apenas em alguns momentos especiais, aumentando conseqüentemente, o estímulo a esta prática fundamental de prevenção, que se dá muito por meio da vontade.
Chamamos atenção para várias adolescentes que engravidaram, e alegaram que mesmo tendo conhecimento sobre o tema, não sabiam explicar o fato de não terem se prevenido, deixando o momento da relação aos cuidados da sorte.
Uma sensação maior parece tomar conta e assim não se pensa em mais nada; apenas acontece a relação. Isto se dá pela falta de maior consciência a respeito. Neste período de adolescência, no qual o jovem acredita estar pronto para o mundo, e é nesta “coragem” que segue avante, mas ainda lhe falta conhecimento e experiência, inevitáveis para lidar melhor com os fatos importantes da vida.
Outra situação, como lares desestruturados, pode levar um adolescente a procurar companhia num filho (Duarte, 1997), por não ter tido uma boa infância, indicando, mais um item na lista dos agentes que fomentam este acontecimento que vem crescendo em nossa época, e cabe refletirmos muito e agir ainda mais para equilibrar o que a natureza nos concedeu: a continuidade da vida, na hora mais adequada possível, onde um mínimo de estrutura esteja presente na relação de um casal que pretende gerar e cuidar de tamanha preciosidade: o seu filho, ou seja, nós, seres humanos.
Dos pontos sinalizados enquanto possibilidades causadoras, e desencadeantes da gravidez na adolescência, entendemos que, este período de transição, pelo qual passa o ser humano, é carregado de transformações físicas e psíquicas, viabilizando uma instabilidade na estrutura da personalidade. Outro fator relevante é a informação que orienta quanto aos cuidados sexuais, a qual mantém o seu grau de importância, e deve fazer parte do contexto educacional a fim de se incorporar, cada vez mais, nos hábitos cotidianos da população. Encontramos ainda, a enorme exposição a estímulos na área sexual, a que as crianças se encontram constantemente e as respostas que emitem, além de gerar uma precocidade em suas atitudes neste mesmo campo. Por outro lado, há uma batalha imediata, ligada à conscientização dos jovens quanto às questões emocionais e sociais que podem levar a gravidez como forma equivocada de gerar identidade nesta fase do desenvolvimento, tão repleta de tribulações e conflitos mediante as sucessivas mudanças que ocorrem, e ainda, ser um projeto de vida para substituir a falta de perspectiva profissional, fazendo do futuro, uma visão de poucas possibilidades de crescimento em várias esferas, a exemplo da educação e cultura. Este exercício de estimular a reflexão e trazer maior consciência, pode ser feito por profissionais que atuam na área social e da saúde; por uma parcela da população que já se encontra com boa experiência de vida e abre espaço para discuti-las; professores que desenvolvam dinâmicas de grupos, e ofereçam canal aberto para uma conversa de linguagem fácil e objetiva, sejam por meio de seus centros comunitários, nos bairros onde moram, sejam pelas escolas.


Referências:
ABERASTURY, Arminda e outros. Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.
COSTA, Moacir. Sexualidade na adolescência: dilemas e crescimento. 11ª edição. Porto Alegre: L&Pm, 1997.
DUARTE, Albertina. Gravidez na adolescência: ai como eu sofri por te amar, 2ª edição. Rio de Janeiro: Arte e Contos, 1997.
KALINA, Eduardo. Psicoterapia de adolescentes: teoria, prática e casos clínicos. 3ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
OSBORNE, Elsie L.e outros. Seu filho adolescente. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
SAYAO, Rosely. Sexo: prazer em conhecê-lo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
TIBA, Içami. Sexo na adolescência. 9ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1996.
VARELLA, Drauzio. Gravidez na adolescência. São Paulo: Folha de São Paulo. Ilustrada p. E10, 2000.

http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0178

Entrevista 1

As pessoas que entrevistei também não quiseram ser identificadas....


Qual a sua idade ao engravidar?
15 Anos

Qual a sua reação ao perceber a gravidez?
Fiquei muito confusa, um sentimento de alegria por ter um filho, mas ao mesmo tempo tive muito medo da reação das pessoas ao meu redor, principalmente do pai do meu filho.

Qual a reação da sua família?
Foi bem complicado, demorei a contar, minha mãe foi mais compreensiva, mas meu pai cortou relações comigo por um bom tempo...

À que você atribui este fato em sua vida?
Principalmente á falta de cuidado e experiência.


O que mudou na sua vida após a gravidez (positiva e negativamente)?
Praticamente tudo, passei a ser responsável por uma outra vida, minha rotina ficou totalmente alterada e minhas amizades sumiram...


Na sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente? Por que?
O meu maior problema foi ter perdido parte da minha adolescência, uma parte da vida tão especial que eu passei adiante muito depressa, porque de uma hora para outra passei de menina mimada para mãe e dona de casa...

Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje?
Tome cuidado! Quando se é adolescente se tem muita coragem, tudo parece muito fácil, e na verdade, não temos noção nenhuma de como funciona a vida...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Referencial Teórico

A gravidez na adolescência está se tornando cada vez mais comum, pois os jovens estão ingressando cada vez mais cedo, a sua vida sexual. Os maiores problemas que a gravidez na adolescência acarreta são problemas emocionais, sociais e principalmente familiares. Segundo Eliene Percília, o maior problema familiar é a falta de diálogo,

"É muito importante que haja diálogo entre os pais, os professores e os próprios adolescentes, como forma de esclarecimento e informação. Mas o que acontece é que muitos pais acham constrangedor ter um diálogo aberto com seus filhos, essa falta de diálogo gera jovens mal instruídos que iniciam a vida sexual sem o mínimo de conhecimento. Alguns especialistas afirmam que quando o jovem tem um bom diálogo com os pais, quando a escola promove explicações sobre como se prevenir, o tempo certo em que o corpo está pronto para ter relações e gerar um filho, há uma baixa probabilidade de gravidez precoce e um pequeno índice de doenças sexualmente transmissíveis. "

Segundo a autora Marta Edna Holanda Diógenes Yazlle, existem fatores que devem ser observados como possíveis predisponentes da gravidez na adolescencia que são: baixa auto-estima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, conflitos familiares, pai ausente e ou rejeitador, violência física, psicológica e sexual, rejeição familiar pela atividade sexual e gravidez fora do casamento, separação dos pais, amigas grávidas na adolescência, problemas de saúde e mães que engravidaram na adolescência.

Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, da UNIFESP, a maioria das adolescentes grávidas vem de situações familiares parecidas, onde, as mães das adolescentes também começaram a vida sexual cedo, e acabaram engravidando adolescentes. Além das adolescentes não terem condições financeiras para assumir os filhos, existe a repressão familiar que faz com que muitas fujam de casa e praticamente todas abandonam os estudos. Também quando ocorre a gravidez na adolescência, existem conseqüências tardias e a longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o bebê. A adolescente poderá apresentar problemas: no desenvolvimento, emocionais, comportamentais, educacionais e de aprendizado, além de complicações da gravidez e problemas no parto.

Referências Bibliográficas
DIÓGENES YAZLLE, Marta Edna Holanda. Gravidez na Adolescência. In: Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.28 no.8 Rio de Janeiro Aug. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-72032006000800001&script=sci_arttext
Acesso em: 27/11/09.

PERCÍLIA, Eliane. A gravidez na adolescência. Brasil Escola. Disponível em: http://www.brasilescola.com/biologia/gravidez-adolescencia.htm
Acesso em: 27/11/09.

WIKIPEDIA. Gravidez na Adolescência. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravidez_na_adolesc%C3%AAncia
Acesso em: 27/11/09.

Entrevista!


Olá meninas estou postando a minha entrevista mas vou ocultar o nome da pessoa pra postar aqui no blog tah?

Idade: 18 anos


1.Qual a sua idade ao engravidar?
16 anos

2.Qual a sua reação ao perceber a gravidez?

Fiquei apavorada, não sabia o que fazer, fiquei perdida, e corri para contar para o meu namorado, mas ele foi muito estúpido comigo, me xingou e até chegou a dizer que o filho não era dele, então nós brigamos e acabei tendo que contar para os meus pais.

3.Qual a reação da sua família?

Os meus pais ficaram muito brabos comigo pela situação, mas ficaram com mais raiva do meu namorado por ele não assumir. Eles aceitaram minha filha, mas me colocaram a condição de não voltar mais com o pai da criança.

4.À que você atribui este fato em sua vida?

A gravidez foi um acidente, tomávamos cuidado, mas, um dia deixamos de nos precaver e aconteceu.

5.O que mudou na sua vida após a gravidez (positiva e negativamente)?

Bom, positivo foi o nascimento da minha filhinha, minha nenê, a força que a minha família me deu nesse momento complicado, e também o final da história, hoje, estou casada com o pai da minha filha e já temos um novo bebê, estou feliz, já o negativo foi toda a situação complicada com o pai da criança, mas encaro isso como sendo uma situação que precisávamos enfrentar para chegar aonde estamos.

6.Na sua opinião, é um problema engravidar enquanto adolescente? Por que?

Não acho que seja um problema, mas é uma situação complicada. Porque eu por exemplo não estava pronta para ser mãe para assumir esta responsabilidade tão grande. Mas, também foi uma experiência boa, pois, me fez ser mais responsável e corajosa.

7.Após esta experiência, o que você sugere para as adolescentes de hoje?
Que tomem mais cuidado do que eu tomei, porque as pessoas mudam de idéia e de opinião como o vento, e ser mãe solteira é muito difícil.


Imagem disponível em: http://blog.cancaonova.com/pensandobem/files/2009/09/gravidez-na-adolescencia.jpg

Justificativa

O presente projeto justifica-se pelo aumento no índice de meninas grávidas na adolescência e buscamos com ele orientar estas adolescentes para toda a responsabilidade de que é ser mãe e as adaptações que viram. Com sair, estudar e trabalhar são algumas das coisas que se tornam mais difíceis ou às vezes até impossível e o outro lado bom é poder formar família, acompanhar o filho na sua adolescência estando jovem. A falta de diálogo com a família é um fator que eleva muitas meninas engravidarem cedo, pois buscam informações em lugares errados e a influência da mídia.
De acordo com alguns autores (Banaco, 1995; Strasburger, 1999; Muuss, 1996), este comportamento durante a adolescência deve-se às expectativas sociais e à modelação a partir da televisão, filmes e músicas que influenciam o espectador desde a mais tenra idade.
É possível, no entanto, baixar estes índices promovendo um espaço que elas possam fazer perguntas, esclarecerem suas duvidas para que possam passar esse processo de criança a adolescente se descobrindo naturalmente sem ter que se tornarem adultas “amadurecer” através da responsabilidade.
Segundo Glaucia da Mota Bueno:
A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflitivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.
Ballone GJ - Gravidez na Adolescência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adoelesc3.html> revisto em 2003.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Gravidez na adolescência

A adolescência é o período transitório entre a infância e a idade adulta. Ela dura dos 10 aos 20 anos incompletos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, ocorrem mais de 700 mil partos de adolescentes por ano.

Com as meninas com idade inferior a 15 anos, a tendência de ocorrer complicações no parto é maior, e em menores de 13 anos é ainda pior. A taxa de mortalidade entre as gestantes adolescentes é duas vezes maior do que entre as adultas.

Nas grávidas adolescentes com 17 anos ou menos, 14% dos nascidos são prematuros. A mãe adolescente também apresenta maior frequência de sintomas depressivos no pós-parto.

Entre as complicações que ocorrem com as adolescentes grávidas, as mais frequentes são:
* toxemia gravídica (doença hipertensiva com fortes possibilidades de convulsões);
* maior índice de cesarianas;
* desproporção céfalo-pélvica (desproporção entre o tamanho da cabeça do feto e da pelve da mãe)
* síndromes hemorrágicas;
* lacerações perineais;
* ruptura precoce da bolsa;
* prematuridade fetal.

Além das complicações físicas, ainda há as psicossociais, que leva a prejuízos nos projetos de vida da adolescente. Alguns fatores de risco para gravidez na adolescência:
* antecipação da menarca;
* educação sexual ausente ou inadequada;
* atividade sexual precoce;
* desejo de gravidez;
* dificuldade para práticas anticoncepcionais;
* problemas psicológicos e emocionais;
* mudanças dos valores sociais;
* migração mal sucedida;
* pobreza;
* baixa escolaridade;
* ausência de projeto de vida.

As complicações psicossociais são, muitas vezes, piores do que as complicações físicas. Pode ocorrer o abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, opressão e descriminação social, interrupção dos estudos e suas consequências futuras (empregos menos remunerados e dependência financeira dos pais). Além disso, os casamentos devidos à gravidez tem levado a uma maior taxa de separações.

Segundo Verena Castellani V. Santos, os filhos de mães adolescentes, comparados aos filhos de mães adultas, têm maior risco de serem adotados, sofrem mais a negligência materna, são internados em hospitais mais vezes e sofrem mais acidentes. Eles possuem também um maior risco de atraso de desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, desordens de comportamento, abuso de drogas e de se tornarem também pais adolescentes.

Ballone GJ - Gravidez na Adolescência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3b.html

domingo, 22 de novembro de 2009

Orientações médicas para adolescentes grávidas

Experiência Própria




Á pedido das meninas do grupo, tenho algumas considerações pessoais sobre o tema "Gravidez na Adolescência", consideraçõs estas que explicam a minha adesão a este tema, entre tantos propostos para o projeto.
Com 15 anos encontrei-me em uma situação não muito curriqueira, menstruação atrasada, pressão da minha mãe que tinha um certo controle com as datas, e por fim a confirmação no teste: eu estava GRÀVIDA !
A repercussão entre a família foi a pior possível, já com a "galera" foi o máximo, todos adoraram a idéia de uma criança entre nós... Assim também para mim, na inocência dos meus 15 anos, acreditava que esta teria sido a melhor coisa do mundo!!! Mal sabia de todo o contexto que envolve o "ser mãe" e, em um contexto mais complexo: ser mãe enquanto adolescente.
Os primeiros meses foram encantadores, a mudança de casa, as mudanças no corpo, a possibilidade de ser responsável pelos meus atos, e até uma sensação de liberdade dava seus ares. Ao contrário de muitas meninas grávidas que conheci, não me apavorei, não chorei, não pensei jamais em não ter este filho, pelo contrário, queria e esperava muito a chegada dele!
As complicações começaram logo após o nascimento, de uma lida menina, linda e apaixonante, Stéphane, com certeza a razão da minha vida, dos meus objetivos, das minhas lutas...
Porém, com o nascimento da minha filha, a liberdade já não era a mesma, nem as responsabilidades, eu já não podia estudar, nem sair, pois tinha uma vida que dependia de mim, minhas amigas, a "galera", até achavam bonitinho quando ela estava entre nós, mas eu não podia sair á noite com ela, sendo assim todas iam, menos eu...
Também o tempo para as conversas e passeios já não era mais o mesmo, assim como os assuntos e as idéias não partiam mais dos mesmos princípios.
Esta fase foi difícil, aos poucos as pessoas da minha convivência e idade foram se afastando, seguindo seus caminhos, assim como eu na rotina diária de trocar fraldas, embalar o sono, cuidar da casa e todas as demais tarefas de uma mãe e dona de casa.
Penso que foi exatamente aí que pulei uma boa parte da minha vida, como se estivesse lendo um livro e de repente virasse várias páginas para continuar a leitura. Não sei o que poderia ter sido escrito nestas páginas, sei apenas que não as li, e nunca vou ter conhecimento de como teria sido a historia ...
Por outro lado, adquiri certos conhecimentos muito cedo, me tornei uma pessoa responsável, cresci e amadureci (na marra, diga-se de passagem). Com certeza isso me troxe muitos benefícios pessoais e até profissionais.
Mas, mais do que tudo isso, foi uma aprendizagem única e sempre que tenho a oportunidade de falar sobre o assunto, repito a mesma frase : aminha filha foi com certeza a melhor coisa da minha vida, mas isso poderia ter esperado para acontecer...
Hoje, passados quase 11 anos, tenho uma filha linda (foto), companheira de todas as horas a quem eu amo e me orgulho muito, mas não posso negar o orgulho que sinto em olhar para ela e ver todo o esforço, trabalho e abdicação que foi preciso até aqui e com certeza, daqui em diante...
Um abraço á todas, Fátima.


sábado, 21 de novembro de 2009

Mais material!

http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3.html

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias conseqüências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias.

A incidência de gravidez na adolescência está crescendo e, nos EUA, onde existem boas estatísticas, vê-se que de 1975 a 1989 a porcentagem dos nascimentos de adolescentes grávidas e solteiras aumentou 74,4%. Em 1990, os partos de mães adolescentes representaram 12,5% de todos os nascimentos no país. Lidando com esses números, estima-se que aos 20 anos, 40% das mulheres brancas e 64% de mulheres negras terão experimentado ao menos 1 gravidez nos EUA .

No Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70, engravidam hoje em dia. A grande maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos.

A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado alarmante; 14% das adolescentes já tinhas pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase três mil na faixa dos 10 a 14 anos.

Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, da UNIFESP, quando a atividade sexual tem como resultante a gravidez, gera conseqüências tardias e a longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais e de aprendizado, além de complicações da gravidez e problemas de parto. É por isso que alguns autores considerem a gravidez na adolescência como sendo uma das complicações da atividade sexual.

Ainda segundo essas autoras, o contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães se assemelharam à essa biografia, ou seja, também iniciaram vida sexual precoce ou engravidaram durante a adolescência.

O comportamento sexual do adolescente é classificado de acordo com o grau de seriedade. Vai desde o "ficar" até o namorar. "Ficar" é um tipo de relacionamento íntimo sem compromisso de fidelidade entre os parceiros. Num ambiente social (festa, barzinho, boate) dois jovens sentem-se atraídos, dançam conversam e resolvem ficar juntos aquela noite. Nessa relação podem acontecer beijos, abraços, colar de corpos e até uma relação sexual completa, desde que ambos queiram. Esse relacionamento é inteiramente descompromissado, sendo possível que esses jovens se encontrem novamente e não aconteça mais nada entre eles de novo.

Em bom número de vezes o casal começa "ficando" e evoluem para o namoro. No namoro a fidelidade é considerada muito importante. O namoro estabelece uma relação verdadeira com um parceiro sexual. Na puberdade, o interesse sexual coincide com a vontade de namorar e, segundo pesquisas, esse despertar sexual tem surgido cada vez mais cedo entre os adolescentes. O adolescente, impulsionado pela força de seus instintos, juntamente com a necessidade de provar a si mesmo sua virilidade e sua independente determinação em conquistar outra pessoa do sexo oposto, contraria com facilidade as normas tradicionais da sociedade e os aconselhamentos familiares e começa, avidamente, o exercício de sua sexualidade.

Há uma corrente bizarra de pensamento que pretende associar progresso, modernidade, permissividade e liberalidade, tudo isso em meio à um caldo daquilo que seria desejável e melhor para o ser humano. Quem porventura ousar se contrapor à esse esquema, corre o risco de ser rotulado de retrógrado. As pessoas de bom senso silenciam diante da ameaça de serem tidas por preconceituosas, interessando à cultua modernóide desenvolver um cegueira cultural contra um preconceito ainda maior e que não se percebe; aquele que aponta contra pessoas cautelosas e sensatas, os chamados "conservadores", uma espécie acanhada de atravancador do progresso.

As atitudes das pessoas são, inegavelmente, estimuladas e condicionadas tanto pela família quanto pela sociedade. E a sociedade tem passado por profundas mudanças em sua estrutura, inclusive aceitando "goela abaixo" a sexualidade na adolescência e, conseqüentemente, também a gravidez na adolescência. Portanto, à medida em que os tabus, inibições, tradições e comportamentos conservadores estão diminuindo, a atividade sexual e a gravidez na infância e juventude vai aumentando.

Adolescência e Gravidez

A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflitivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.

A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.

Porque a adolescente fica grávida é uma questão muito incômoda aos pesquisadores. São boas as palavras de Vitalle & Amâncio (idem), segundo as quais a utilização de métodos anticoncepcionais não ocorre de modo eficaz na adolescência, inclusive devido a fatores psicológicos inerentes ao período da adolescência. A adolescente nega a possibilidade de engravidar e essa negação é tanto maior quanto menor a faixa etária.

A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, à um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável à uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre. De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não tem garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.

Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser levada a termo normalmente e sem grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita, “resolverão” seu problema.O bem-estar afetivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê. A adolescente grávida, principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto afetivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na gravidez, até o nascimento de seu bebê.

Mesmo diante de casamentos ocorridos na adolescência de forma planejada e com gravidez também planejada, por mais preparado que esteja o casal, a adolescente não deixará de enfrentar a somatória das mudanças físicas e psíquicas decorrentes da gravidez e da adolescência.

A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e não deve ser subestimado, assim como deve ser levado a sério o próprio processo do parto. Este pode ser dificultado por problemas anatômicos e comuns da adolescente, tais como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação e fantasias da mãe ex-criança, além dos importantíssimos elementos psicológicos e afetivos possivelmente presentes.

Para se ter idéia das intercorrências emocionais na gravidez de adolescentes, em trabalho apresentado no III Fórum de Psiquiatria do Interior Paulista, em 2000, Gislaine Freitas e Neury Botega mostraram que, do total de adolescentes grávidas estudadas na Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba, foram encontrados: casos de Ansiedade em 21% delas, assim como 23% de Depressão. Ansiedade junto com Depressão esteve presente em 10%.

Importantíssima foi a incidência observada para a ocorrência de ideação suicida, presente 16% dos casos, mas, não encontraram diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida entre os diversos trimestres da gravidez. Tentativa de suicídio ocorreu em 13% e a severidade da ideação suicida associação significativa com a severidade depressão.

Procurando conhecer algumas outras características da população de adolescentes grávidas como estado civil, escolaridade, ocupação, menarca, atividades sexuais, tipo de parto, número de gestações e realização de pré-natal, Maria Joana Siqueira refere alguns números interessantes.

Números interessantes da Gravidez na Adolescência

Porcentagem de grávidas entre 16 e 17 anos

84%

Primigestas (primeira gestação)

75%

Freqüentaram o pré-natal

95%

Tiveram parto normal

68%

Menarca (1a. menstruação) entre os 11 e 12 anos

52%

Não utilizavam nenhum método contraceptivo

56%

Usavam camisinha às vezes

28%

Utilizavam a pílula

16%

A primeira relação sexual ocorreu*:

até os 13 anos

10%

entre 14 e 16 anos

27%

entre 17 e 18 anos

18%

entre 19 e 25 anos

17%

depois dos 25 anos

2%

*- Referência


Ideação Suicida em Adolescentes Grávidas

Gisleine Vaz Scavacini de Freitas e Neury José Botega (Unicamp) têm um estudo sobre ideação de suicídio em adolescentes grávidas. Estudaram 120 adolescentes grávidas (40 de cada trimestre gestacional), com idades variando entre 14 e 18 anos, atendidas em serviço de pré-natal da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba.

Do total dos sujeitos, foram encontrados: casos de ansiedade em 25 (21 %); casos de depressão em 28 (23%). Desses, 12 (10%) tinham ansiedade e depressão. Ideação suicida ocorreu em 19 (16%) das pacientes. Não foram encontradas diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida nos diversos trimestres da gravidez.

As tentativas de suicídio anteriores ocorram em 13% das adolescentes grávidas. A severidade dessas tentativas de suicídio teve associação significativa com o grau da depressão, bem como com o estado civil da pacientes (solteira sem namorado).